“Eiqui Douro. L Paraíso de l bino i de l sudor.”  

– António Cabral  

De um amor antigo pelo Douro vinhateiro, nascia o sonho de abraçar as encostas repletas de passado e nelas semear o futuro. Depois de dois anos de um processo seletivo em busca de uma privilegiada vista Douro, encontrava-se na modesta Folgosa do Douro, a dois passos do Peso da Régua, a terra fértil para o semear.  

Ali, o rio corre e lapida as montanhas em bruto a cada nascer do sol. O tempo corre nele também, levando fábulas de outros tempos e trazendo afetos para a vida. O sol volta a pôr-se, e acontece tudo outra vez, numa rotina de paz.  

Corria o ano de 2017, e dava-se o primeiro passo na aquisição das propriedades que viriam a constituir a Quinta Vale de Lobos, que rouba aliás o nome à primeira propriedade adquirida, de braço dado com a Serralheira. Um ano depois, crescia para incluir a maior das três, a Mata Rapada, e perfazer um total de cerca de 10 apaixonantes hectares. Chegado setembro de 2018, limpa e estudada a vinha, por entre muita parra e muita uva, as mãos inexperientes de família e amigos colhiam os primeiros cachos e nascia um rascunho – o primeiro vinho.  

A preservação da vinha velha, dona destas terras há tantas décadas que não cabem numa mão, adivinhava-se prioritária – fazia-se a retancha das falhas e a reconversão e reestruturação de parte. Chegava 2019 e plantava-se a nova vinha. Pelo caminho, seguiam-se as pegadas dos antigos, mantendo-se os esteios em xisto e os traços próprios das paisagens tortuosas. Brindamos a chegada de 2020 com o primeiro néctar da vindima passada: batizava-se o Mata Rapada.  

Faltava desbravar-se o desafio de, no coração de Património Mundial da Humanidade, erguer muros e paredes. Volvidos 3 anos turbulentos, derrubamos os que nos separam, e abrimos as portas da nossa, mais vossa, casa.  

Em 2023 replanta-se novamente a vinha e a esperança de brindarmos em breve.  

Bem-vindos.